Reação de Maillard
Dentre
as diversas reações que um alimento pode sofrer durante seu processamento e/ou
armazenamento, a reação de Maillard merece uma atenção especial.
Também
chamada de escurecimento não enzimático, podendo ou não ser desejável, é uma reação
que ocorre entre os açúcares redutores (possuem grupos aldeídos e cetonas
livres na sua estrutura) e os aminoácidos dos alimentos. São exemplos de
açúcares redutores: glicose, frutose, lactose, maltose, galactose.
É
muito útil quando os produtos da reação tornam o alimento mais aceitável
justamente pela cor e sabor produzidos (como no caso do doce de leite) e
prejudicial quando os produtos resultantes oferecem sabor e cor indesejáveis
(por exemplo no suco de laranja).
Alguns
fatores interferem a velocidade da reação de Maillard e devem ser observados a
fim de se controlar seus produtos resultantes.
Temperatura
A
reação é lenta a temperaturas baixas e sua velocidade praticamente duplica a
cada aumento de 10ºC entre 40º e 70ºC. Alimentos congelados ou resfriados são
pouco atingidos quando armazenados por períodos curtos.
pH
Em
meio ácido a reação é mais lenta, atingido sua velocidade máxima perto da
neutralidade, com pH 6 – 7. Em meio alcalino há rápida degradação dos
carboidratos, independentemente da presença do aminoácido.
Atividade de água
Quando
os reagentes estão muito diluídos (atividade de água superior a 0,9) há
diminuição da velocidade e tende a zero quando há falta de meio (solvente) para
a reação acontecer (atividade de água está abaixo de 0,2-0,25 ou a valores
menores).
Natureza do carboidrato
A
reação é mais rápida com os monossacarídeos (e dentre esses ocorre mais
rapidamente com as pentoses, depois pelas hexoses) seguidos dos dissacarídeos.
Entre
as hexoses a velocidade da reação é maior com a glicose do que com a frutose.
Natureza do aminoácido
A
velocidade da reação é decrescente na ordem: aminoácido básico (lisina),
aminoácido ácido (glutâmico) e aminoácido neutro (glicina). As velocidades
relativas são afetadas pelo pH, dependendo do ponto isoelétrico de cada
aminoácido.
Efeito de catalisadores
A
presença de ânion como fosfato e citrato aceleram a reação de Maillard.
Inibição da reação
A
adição de dióxido de enxofre praticamente inibe a reação se adicionado nos
estágios iniciais da reação.
Produtos da reação de Maillard e a saúde
humana
A
Reação de Maillard compromete os aminoácidos essenciais, notadamente a lisina,
levando à perda do valor biológico de alimentos. Dessa forma, as condições de
manufatura devem ser cuidadosamente escolhidas, visando garantir não apenas as
características sensoriais, mas também o valor nutricional adequado.
O
consumo dos produtos formados pela Reação de Maillard na dieta ocidental
aumentou consideravelmente nas últimas décadas, em função do incremento do
consumo de alimentos termicamente processados. Esse quadro pode acarretar
desequilíbrio relativamente à reação de glicação, com importantes implicações
para a população com diabetes e insuficiência renal. Pode, ainda, aumentar o
risco de doenças vasculares e neurodegenerativas em grupos populacionais que
estejam expostos ao consumo excessivo dessas substâncias.
A Reação de Maillard produz compostos intermediários, os quais podem se agrupar formando compostos de alto peso molecular, dentre eles as melanoidinas e as aminas heterocíclicas.
As melanoidinas, que são complexantes de metais, escurecem os alimentos e sua cor varia do marrom claro até o preto, conforme o seu peso molecular.
As
aminas heterocíclicas encontram-se entre as substâncias mutagênicas conhecidas
mais potentes, causando tumores em animais de experimentação, principalmente na
bexiga. Atualmente vem sendo analisada sua correlação com a incidência de
câncer de mama, cólon e próstata. Ainda há evidências de que elas afetam o
sistema vascular, as glândulas salivares e de que levam à degeneração
miocardial. Entretanto, é importante salientar que cada organismo reage de
maneira específica, tolerando maiores ou menores doses desses compostos.
Bibliografia
Bobbio,
P. A.; Bobbio, F. O. Química do Processamento de Alimentos – 3ª edição.
Livraria Varela – 2001. São Paulo – SP.
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A. C.; Valente, T. B.; Rosa, C. S. Formação de toxinas durante o processamento
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Campinas , v. 22, n. 2, Abril de 2009. Disponível em
. Acesso em 24 de junho de 2014.
Shibao,
J.; Bastos, D. H. M. Produtos da reação de Maillard em alimentos: implicações
para a saúde. Revista de Nutrição, Campinas, v.24, n.6, pp. 895-904, Dec. 2011.
Disponível em .
Acesso em 17 de junho de 2014.
Muito Bom !!
ResponderExcluirPerfeito, muito obrigado.
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